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junho 04, 2012

Sapatos fora da palete de conforto

Um blazer assertoado, cinco segundas-feiras

28/05 ; 04/06 ; 11/06 ; 25/06 ; 01/07


Em relação à semana passada o look de hoje é mais requintado mas sem deixar de ser desportivo. Salta imediatamente à vista o vermelho dos sapatos. Para que eles não pareçam aterrados ali vindos do nada coloquei esta gravata xadrez. O vermelho da gravata é como o bilhete de entrada para os sapatos, enquadra-os no conjunto clássico. Porque o vermelho sai fora da zona de conforto cromática mantive tudo o resto o mais neutro possível. Uns chinos beges e uma camisa azul clara são tão neutros quanto se possa querer.


Nas fotos não dá para ver mas o algodão da camisa tem um efeito espinha que, quem me segue, saberá que gosto muito de ver ver em roupa, seja casacos, camisas ou mesmo gravatas. O tecido espinha tem dupla personalidade, é delicado e rufia ao mesmo tempo. É como aqueles vilões que distribuem charme na festa e depois se esgueiram até escritório da casa para roubar as jóias do cofre, não hesitando em matar à queima-roupa quem se atravessar no seu caminho.


Hoje vou escrever um pouco mais sobre o blazer. Talvez mais do que nos blazers de uma fila de botões, o tailoring de um blazer assertoado é essencial para não parecer, literalmente, um saco enfiado pela cabeça. Seria incapaz de vestir este tal como o comprei. Das costas foi retirado tecido que dava para fazer outra lapela. E quando olho para as fotos não deixo de notar que se as mangas fosse apertadas do cotovelo ao punho ele ainda ficaria melhor.

Existe uma opinião largamente difundida de que os blazers assertoados não são apropriados para homens mais volumosos de barriga. Mas essa percepção desafia a lógica ou então, mantendo o imaginário cinematográfico, sou eu que estou sugestionado por filmes de gangsters na período da lei seca americana. Naturalmente que um blazer largo, seja assertoado ou não, não favorece um barriga grande. Mas desde que devidamente ajustado, as duas linhas de botões acentuam a verticalidade do corpo e distraem do volume da cintura o que melhora a aparência de um homem com mais cintura. 

Já os homens baixos não beneficiarão tanto dos blazer assertoados. À semelhança dos antigos blazer de três botões, o seu V está, invevitavelmente, mais subido do que num blazer de dois botões. Por essa razão um homem mais baixo tenderá a ficar como uma figura desproporcionada e ridicularizada se vestido com um.

Poder-se-à questionar a sensatez de adquirir um blazer assertoado navy quando já se tem um de dois botões nesta cor. Por enquanto, pois acredito que venham a ficar mais populares nas próximas épocas, compram-se os blazers assertoados que aparecem e não aqueles que se quer. Não obstante esta evidência, considero que os dois são suficientemente diferentes para poderem coexistir num armário. E depois podem ser sempre diferenciados pelo tecido de que são feitos, cor dos botões, etc. 



7 comentários:

  1. Há uns tempos atrás, um DB era impensável no verão, até prque se torna as pesado - afinal, a parte da frente do corpo fica coberto por duas "camadas" de tecido - a não ser branco ou muito claro num linho muito leve. Felizmente, voltaram graças aos alfaiates italianos. De qualquer forma, há que ter cuidado com a textura.
    Quanto ao resto do modelo, e como já disse, não aprecio esse tipo de driving shoes. Há um modelo do género de Rubinacci, que eu acho bem mais elegantes.
    Quanto à gravata...esse é um pormenor que é muito particular do gosto de cada um, e eu não prescindo das minhas Drake's e do nó half windsor.
    O conjunto está agradável.

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    1. Vic,

      Dá para perceber que, mais do que um mero apreciador, é conhecedor pelo que me agrada te-lo por aqui. Como se discutiu noutro post ter algum cuidado com aquilo que se veste só é frívolo se um homem não tiver outra preocupação na vida.

      O grande defeito dos DB é mesmo tornarem-se intoleráveis no verão. Até porque têm mesmo de ser usados fechados. E o azul escuro não é a melhor cor.

      Marcas de luxo, em geral, tenho de manter no campo da inspiração. Embora muitas marcas italianas sejam quase irresistíveis.

      Cumprimentos

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  2. Ola boa tarde,

    Devo confessar que já não gosto de ver esse tipo de golas nos blazer, é certo que é uma questão de moda, que vão e vêm esse tipo particular de golas e de corte.
    Pessoalmente já não gosto de me ver nesse tipo de blazers, mas é tudo uma questão de gosto.
    Mas confesso que o conjunto é agradável, apesar de se notar que se está na presença de um blazer que já tem umas estações.

    Um abraço

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  3. Freud,

    Quase todos os blazers DB têm lapelas bicudas. Dizem os entendidos que são essenciais para equilibrar visualmente este tipo de blazer. Eu aceito a razão sem pensar muito nela até porque acho piada a estas lapelas.

    E está enganado, este blazer não é "velho". Os blazers DB são do que de mais trendy existe em vestuário clássico masculino actualmente. Se vai pegar em Portugal não sei.

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  4. Os blazers DB são o mais clássico dos clássicos. Por uma questão de inépcia e de falta de profissionais de categoria, vêm-se menos que s outros. Já em Itália, por exemplo, são os preferidos dos grandes alfaiates e aqueles que verdadeiramente os define (aos alfaiates, naturalmente).
    Há uma frase que ilustra perfeitamente esta questão: os blazers de normais são para rapazes, os DB são para homens.
    Já agora, essas lapelas chamam-se peak lapels, e estão na moda desde que Edward VIII as começou a usar nos anos 30 do séc.XX

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  5. Eu usaria tranquilamente o look. Todo o conjunto, visto, está de acordo e bem agradável ao olhar, elegante, com um toque inusitado, que são os sapatos red.
    A gravata é uma surpresa bem-vinda, nunca pensei em ter uma, mas já estou a mudar de opinião!
    Parabéns Bruno!
    #
    Eduardo.

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    1. Eduardo,

      Obrigado pelos teus comentários. Dizeres que o blogue te tem feito mudar de opinião é o melhor elogio que se pode receber.

      Abraço

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