Hoje em dia a marca bávara quer agradar aos clientes das motos
japonesas dando-lhes aquilo que eles conhecem, mas se recuarmos meia dúzia de
anos a BMW pouco queria saber de mercado, fazia as motos que bem lhe apetecia.
E a moto mais desportiva que produzia era a R1200S, sendo o S alusivo a sport. Destinada
a substituir a bem sucedida R1100S em 2006, era a máquina mais desportiva da
gama alemã. Só que à medida do mercado era uma sport-tourer, pelo que quase ninguém a compreendeu. No ano anterior a BMW tinha lançado a R1200ST, a horrível sport-tourer da família R, pelo que
orientou a R1200S num sentido mais radical, para desgosto dos fiéis da marca, os únicos que considerariam comprá-la. Assim, para substituir a lindíssima
R1100S (na minha opinião a moto mais bonita que a BMW já fez), a marca apostou
em dois rotundos fracassos comerciais. A fealdade da R1200ST era tal que nada
a podia salvar e a R1200S, desconfortável demais para viajar e incapaz de
competir em performances com as verdadeiras
desportivas, encontrou-se em terra de ninguém.
Seis anos volvidos e a R1200S começa a fazer muito mais
sentido. 98% dos motociclistas nunca a irão compreender e ela permanecerá
sempre uma moto para conhecedores. Isso só lhe dá mais charme. Mas a R1200S é
uma excelente moto per se.
Pese
embora a menor versatilidade face à R1100S, a 1200 é uma moto muito superior
tecnicamente. A potência passou de uns anémicos 98cv para uns pujantes 122cv e a
caixa de velocidades e suspensão eram muito mais evoluídas. Bastaria a BMW ter refeito
ligeiramente a traseira da moto para aceitar um banco confortável para dois e a
opção de malas grandes para a R1200S ser uma real alternativa à 1100. Mas na
altura a BMW já andava a planear a futura superdesportiva – S1000RR – e nem se deu ao trabalho. A R1200S
durou apenas dois anos no catálogo da marca. E durante esse período vendeu muito
pouco.
O futuro da família R da BMW assentará num motor boxer
arrefecido a água. A R1200S restará como a BMW série R air cooled de produção em série mais desportiva e rápida de sempre. O título absoluto está nas mãos da R1200
HP2 Sport, uma evolução da R1200S de produção limitada, mais exótica e muito mais cara.
Enquanto nova o posicionamento comercial ambíguo da R1200S foi-lhe fatal. Mas para uma segunda vida nas mãos de um coleccionador que quer uma moto carismática para dar umas voltas ocasionais de fim de semana ela revela-se perfeita. Com uma linhagem antiga e nobre, forte personalidade e produção escassa não tenho dúvidas que o mundo ainda lhe dará o reconhecimento devido. Nessa altura quem a tiver na garagem não terá apenas um brinquedo, terá feito um bom investimento de longo prazo.
Ora aí está uma coisa que não me seduz nada, Bruno: as motas :)
ResponderExcluirJá tive uma, foi a minha melhor mota, talvez por isso a recorde vezes de mais...
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