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junho 29, 2012
Branco, vermelho e azul
Os pólos são as peças de roupa do meu armário com a idade média mais alta. Não sinto necessidade de renovar em grande parte porque não sinto motivação para isso. Uso-os acima de tudo por serem muito práticos como mencionei aqui. O pólo fica, em termos de formalidade, entre a t-shirt e a camisa mas para mim tem um ar chato ou, no americano colegial, loser. São característicos daqueles rapazes que carregam os sacos das compras da menina do elevador para casa dela e nunca são convidados a entrar.
Se tivesse apenas um seria azul marinho, como no link acima, ou branco. O branco é sua a cor clássica, dado que o pólo nasceu nos courts de ténis, na década de 30, onde a roupa é tradicionalmente branca. Se hoje em dia é conhecido por polo shirt e não tennis shirt deve-se à Ralph Lauren que, nos anos 70, o conseguiu popularizar de uma forma que a Lacoste, que o inventou, nunca foi capaz.
Os jeans também são num tradicional azul, ligeiramente mesclado. O design é estilo chino mas a cor é bastante discreta. A neutralidade das calças e pólo abre espaço cromático para os moccasins vermelhos que já tinha usado aqui.
O cinto vai buscar o branco do pólo, o azul das calças e o vermelho dos sapatos num padrão vichy. Não é um item que me entusiasme isoladamente mas aqui faz bem a ligação.
junho 28, 2012
Lewis Hamilton na revista GQ
Mais uma notável produção da GQ americana com um Lewis Hamilton cheio de estilo e alguns carros clássicos a proporcionarem o décor ideal. Pode ver os posts anteriores com o Jean Dujardin e o Ewan McGregor.
junho 27, 2012
Botas de moto com estilo afinal existem
Não tenho por hábito promover produtos no blogue mas o que trago hoje não é um produto, é um milagre. As boas botas para andar de moto servem os propósitos de defender os pés e tornozelos dos elementos, interferirem ao mínimo na aerodinâmica e protegerem em caso de queda. São critérios que fazem sentido enquanto se está a andar de moto. Fora dela, as botas de moto são feias, desesperantemente quentes e irremediavelmente desconfortáveis. Até agora.
A marca francesa Vitesse afirma no seu site ter conseguido construir a bota de moto total, tão eficazes a conduzir a 200 km/h quanto confortáveis quando sentado numa esplanada. Quanto à ergonomia não posso opinar mas esteticamente são uma revelação. O modelo Hunt (nas fotos) é um objecto de elegância desconhecida no universo motociclista.
A marca francesa Vitesse afirma no seu site ter conseguido construir a bota de moto total, tão eficazes a conduzir a 200 km/h quanto confortáveis quando sentado numa esplanada. Quanto à ergonomia não posso opinar mas esteticamente são uma revelação. O modelo Hunt (nas fotos) é um objecto de elegância desconhecida no universo motociclista.
junho 25, 2012
Homenagem ao estilo transalpino
Falhei a publicação do look na passada segunda-feira, esta semana não podia deixar de o fazer. Mas com as temperaturas a superarem os 30ºC não é fácil vestir blazers assertoados. Estes devem estar sempre apertados quando vestidos, e não apenas no botão visível, mas também no gémeo escondido. Tanto tecido preso por apenas um botão desfigura o cair do blazer. Contudo hoje queria prestar uma homenagem ao estilo italiano e, como são as marcas italianas que estão a recuperar o blazer assertoado, uma homenagem justa teria de o incluir.
Igualmente trendy, e indiscutivelmente mais italiano do que o blazer DB, é o sapato monk strap, cuja tradução à letra é monge cinta. O nome advém da sua origem pois este tipo de sapato foi usado inicialmente pelas congregações de monges que habitavam nos Alpes italianos. E claro, do uso de fivelas para o prender ao pé. Hoje em dia é um sapato de formalidade intermédia abaixo dos blucher e acima dos loafer e como tal bastante versátil. Não só gosto do estilo dos monk strap de duas fivelas como eles se encaixam no nível de formalidade da roupa que uso.
Sou esquisito em relação a sapatos e aquilo que que tenho mais dificuldade em comprar são sapatos formais. As boas marcas, como a Carmina ou Crockett & Jones, para não referir outras ainda mais caras, sabem fazer sapatos formais bonitos mas muito caros. Abaixo desse price level as coisas complicam-se. As marcas procuram tornar os seus modelos distintos e, pelo menos para o meu gosto, caem muitas vezes no erro de conceber modelos overstyled.
Sorte a minha há umas semanas ter deparado com estes double monk strap perfeitos. A biqueira é alongada e quadrada na medida exacta. Os restantes detalhes são exactamente como eu acho que o monk strap ideal deve ser. São em camurça chocolate, as fivelas são pequenas e afastadas e a ponta é cap toe. De aspecto o sapato parece-me luxuoso, vamos ver se supera o teste do tempo. Apesar do nome da marca - Montenapoleoni - são portugueses e feitos em Portugal.
Para reproduzir o estilo italiano não basta calçar O sapato italiano, é preciso usá-lo como se faz em Milão no verão, isto é, sockless e com a fivela posterior desapertada. Não apertando a segunda fivela o monk strap descalça-se como um slip on. Também ajuda a ventilar e refrescar o pé.
Como o restante outfit é todo neutro em cores aproveitei para vestir estas calças mais exuberantes. São de uma mistura algodão/linho muito leve. O verão é de resto uma altura para deixar as gangas e os chinos no armário.
Última nota para a gravata vichy (ou gingham). Já tenho mencionado este padrão que funciona em quase todas as peças e que se encaixa facilmente nos looks, principalmente se a única cor não branca for o azul marinho como aqui.
junho 24, 2012
Pitti Uomo 82, concentrado de estilo
Decorreu na semana passada em Florença (Itália), entre os dias dias 19 e 22 de Junho, a Pitti Uomo 82. Ficam algumas das fotos que mais me chamaram a atenção.
junho 23, 2012
A influência global de Nick Wooster
Eu sei que você andava a contar os dias até eu publicar um post sobre o Nick Wooster. Nos dias que correm não existe blogue de estilo masculino que não o mencione ou não o tenha referenciado como um semi-Deus. Este americano baixo e com ar de rúfia é seguramente o homem mais influente da blogosfera de estilo. E nos dias de hoje isso quer dizer do estilo de forma global. O uso da palavra estilo em vez de moda não é inocente. Não tenho particular interesse por moda mas desenvolverei o tema noutro post. Voltando a este creio que uma tendência que se acentua cada vez mais é o estilo ser ditado na net o que acho de salutar. É a democratização e a humanização do gosto. O Nick Wooster é o rei deste fenómeno e merecidamente.
Pessoalmente divido claramente o estilo do Nick Wooster em duas zonas, abaixo e acima da cintura. Na zona inferior acho-o mediano, na superior magistral. Acho que ele usa as calças demasiado curtas e largas que lhe acentuam a sua baixa estatura. Às vezes opta por aquelas calças com caveirinhas ou tubarões que sinceramente não consigo achar piada nenhuma. Quanto aos sapatos gosta deles bojudos e pouco delicados e tem predilecção por Longwings que é um género de que não gosto.
Já acima do cinto existem poucas fotos em que não esteja perfeito. Nessa zona é para mim o homem mais bem vestido do mundo. Começa pela irresistível conjugação de tecidos clássicos (tweed e herringbone) com cortes slim. As cores são normalmente sóbrias, clássicas e sem brilho. Azuis e rosas pálidos nas camisas. Cinzas, azuis escuros e castanhos nos casacos e gravatas. O homem tem swag. Não veste aquelas roupas flashy e assexuadas que vemos nos desfiles de moda. Tem estilo. É masculino. Veste-se à homem.
Daquilo que o caracteriza (já mencionei as calças curtas ou os brogue longwing) destaco as três que mais lhe admiro:
1. O padrão camuflado que ele sabe integrar e conjugar como ninguém (ver primeira foto).
2. O pendant casaco/gravata que acho genial (ver primeira e segunda foto).
3. O pendant camisa gravata de que gosto moderadamente (ver última foto).
Infelizmente não basta apenas o gosto e a visão. É preciso alfaiataria para vestir assim. Ou não! Se calhar talvez venham a haver boas novidades em breve. Alguém reparou na farda dos rapazes da Zara este ano? Andavam de camisa e gravata vichy azuis iguais, numa nítida inspiração Wooster. Não somos só nós que percorremos a blogosfera. Os designers da marca espanhola também. Aliás, não é por mero acaso que é a marca de roupa mais vendida no mundo.
Da primeira vez que vi perguntei a um deles se existia para venda sabendo que era só para o staff. Mas desconfio que a marca o tenha feito para sondar viabilidade comercial e não custa deixar opinião. Não vou apostar mas desconfio que na próxima época a Zara terá alguns conjuntos camisa/gravata vichy. Quanto a mim tenho mais expectativa de um conjunto blazer/gravata mais upmarket feito pela Massimo Dutti.
Se algum responsável por uma marca portuguesa lê o blogue fica aqui o meu conselho: Aposte em acessórios camuflados e nuns conjuntos camisa/gravata em tons sóbrios. O fenómeno Wooster em breve chegará às ruas.
Pessoalmente divido claramente o estilo do Nick Wooster em duas zonas, abaixo e acima da cintura. Na zona inferior acho-o mediano, na superior magistral. Acho que ele usa as calças demasiado curtas e largas que lhe acentuam a sua baixa estatura. Às vezes opta por aquelas calças com caveirinhas ou tubarões que sinceramente não consigo achar piada nenhuma. Quanto aos sapatos gosta deles bojudos e pouco delicados e tem predilecção por Longwings que é um género de que não gosto.
Já acima do cinto existem poucas fotos em que não esteja perfeito. Nessa zona é para mim o homem mais bem vestido do mundo. Começa pela irresistível conjugação de tecidos clássicos (tweed e herringbone) com cortes slim. As cores são normalmente sóbrias, clássicas e sem brilho. Azuis e rosas pálidos nas camisas. Cinzas, azuis escuros e castanhos nos casacos e gravatas. O homem tem swag. Não veste aquelas roupas flashy e assexuadas que vemos nos desfiles de moda. Tem estilo. É masculino. Veste-se à homem.
Daquilo que o caracteriza (já mencionei as calças curtas ou os brogue longwing) destaco as três que mais lhe admiro:
1. O padrão camuflado que ele sabe integrar e conjugar como ninguém (ver primeira foto).
2. O pendant casaco/gravata que acho genial (ver primeira e segunda foto).
3. O pendant camisa gravata de que gosto moderadamente (ver última foto).
Infelizmente não basta apenas o gosto e a visão. É preciso alfaiataria para vestir assim. Ou não! Se calhar talvez venham a haver boas novidades em breve. Alguém reparou na farda dos rapazes da Zara este ano? Andavam de camisa e gravata vichy azuis iguais, numa nítida inspiração Wooster. Não somos só nós que percorremos a blogosfera. Os designers da marca espanhola também. Aliás, não é por mero acaso que é a marca de roupa mais vendida no mundo.
Da primeira vez que vi perguntei a um deles se existia para venda sabendo que era só para o staff. Mas desconfio que a marca o tenha feito para sondar viabilidade comercial e não custa deixar opinião. Não vou apostar mas desconfio que na próxima época a Zara terá alguns conjuntos camisa/gravata vichy. Quanto a mim tenho mais expectativa de um conjunto blazer/gravata mais upmarket feito pela Massimo Dutti.
Se algum responsável por uma marca portuguesa lê o blogue fica aqui o meu conselho: Aposte em acessórios camuflados e nuns conjuntos camisa/gravata em tons sóbrios. O fenómeno Wooster em breve chegará às ruas.
junho 22, 2012
Sóbrio e ajustado
Desde já aviso, hoje não há nada de novo ou cintilante. Só artigos neutros e já mostrados noutros looks anteriores. Alguns dirão que é monótono, eu chamo-lhe sóbrio. Interprete como a minha sugestão para quem vai pela primeira vez a casa dos futuros sogros. Ou para aqueles dias em que damos tudo para passarmos despercebidos. Não que isso fosse possível assim vestido. Não é vaidade, é a constatação de que 90% dos homens portugueses não se vestiriam assim. Porquê? Por duas razões.
1ª razão: as calças brancas. É quase tabu em Portugal, mas erradamente. O branco dá com tudo. Vista umas calças brancas e é menos uma conjugação para fazer. Que homem não gosta desta simplificação? Estas são as clássicas 501 da Levi's que, para não conhece a numeração da marca, é o seu corte mais clássico. Demasiado clássico para mim que uso as calças mais curtas do que o normal. Na verdade uso-as no comprimento correcto, a maioria dos homens é que as usa compridas demais. As calças devem terminar em cima da pala de um sapato de atacadores. A bainha pode dobrar ligeiramente mas nunca enrugar. As rugas encurtam as pernas e dão um ar descuidado. E a personalização não pode ficar a meio.
Umas calças com o comprimento correcto exigem outra coisa, a correcta largura da perna. O corte da perna das 501 é direito mas o diâmetro da perna masculina é igual na coxa, joelho e tornozelo? Não, não é. A roupa devem seguir o contorno do corpo por isso mandei afunilar a parte inferior das calças. Creio que estas foram reduzidas para 20cm de largura na bainha. Actualmente estabeleci esse valor nos 18cm que me parece ser o valor correcto para a minha fisionomia. Naturalmente não o faço em todas as calças mas de origem este par fazia-me parecer o John Travolta em Saturday night fever. Inadmissível.
Fora o corte das pernas estes jeans são perfeitos. Estive cerca de dez anos sem comprar calças Levi's mas estas são as calças de ganga com mais qualidade que tenho. A ganga tem o grande inconveniente de alargar mas começo a achar que este par não precisará de ser apertado como é costume nas calças de ganga. Para mitigar este problema compro as calças num número que em me fique ligeiramente apertado quando novas. E tento usar as calças umas dez vezes antes da primeira lavagem para elas se formarem ao corpo antes de levarem a tareia da máquina de lavar. Eu sei, se forem brancas é um desafio usar tantas vezes sem lavar. Existe uma terceira dica, lavar os jeans sempre à mão. Eu passo esta muito obrigado.
2ª razão: o blazer cintado. 90% dos homens usa os blazers um número ou mais acima do correcto. Para quem não recorre a alfaiate, um blazer pronto-a-vestir é essencial que fique bem nos ombros porque é a correcção mais dispendiosa e trabalhoso de se fazer. A costura deve ficar exactamente onde o ombro termina e o braço começa. Se não lhe ficar bem no ombro esqueça, há mais marés que marinheiros. Recomendo que escolha o número mais pequeno com que consiga mexer os braços, mesmo que em certa posições sinta tensão no tecido. Não vai usar o blazer para jogar basquetebol ou trabalhar no campo. A mobilidade dos braços não é prioritária, a silhueta dos ombros sim.
Já não usava este blazer há algumas semanas (ver aqui) mas com a baixa de temperatura desta semana retirei-o do armário. É da Cortefiel e é talvez o meu blazer melhor acabado. O corte original era direito e disforme mas, depois de cintado, ganhou esta forma bem mais elegante.
As mangas também foram subidas para a altura certa. Um blazer bem ajustado revela a mesma largura de tecido na gola e nas mangas da camisa. Vestir bem é acima de tudo uma questão de harmonia e equilíbrio. Assim, as mangas do blazer devem bater 1 cm acima da linha do pulso para revelarem cerca de 2cm da manga da camisa (repare na última foto). Nem sempre se consegue um resultado assim, creio mesmo que este é o meu blazer melhor ajustado. Mas por ser tão raro faz toda a diferença.
Para se conseguir a simetria nas duas mangas dificultada pelo uso do relógio (veja a primeira foto) pode-se sempre adoptar o truque de Giovanni Agnelli de usar o relógio por cima da camisa.
O ajuste da roupa é o aspecto mais impactante num homem bem vestido como escrevi há uns tempos num artigo reproduzido aqui pela betrend.pt. Até um outfit tão sóbrio quanto este fica bem. No fundo, mais vale um fato Zara ajustado do que um Zegna largo. Acho que até a sua futura sogra concordará.
junho 21, 2012
Visita aos Picos de Europa
A menor frequência de postagens na semana anterior teve uma razão bem simpática. Dediquei uns dias a fazer uma das actividades de lazer que mais gosto - hiking em montanha. Infelizmente não o faço tantas vezes quanto gostaria e o principal motivo é não existir no nosso pequeno país muitos palcos para estas actividades.
Nuestro hermanos têm mais sorte no tamanho e na geografia do seu cantinho. A 9 horas de carro de Lisboa ficam os Picos de Europa, um recreio de actividades de ar livre. É constituído por três maciços montanhosos caracterizados por picos rochosos imponentes e desfiladeiros bem cavados e abruptos.
Já lá tinha ido de moto mas, talvez pela atenção que dispensei às torcidas e deliciosas estradas que os atravessam, não fiquei com a noção exacta da grandiosidade do parque. Mas, definitivamente, valem a visita.
Também imperdível é a visita aos lagos junto a Covadonga, Enol e Ercina. Os dois são bastante fotogénicos e dão início a vários caminhos que apetece explorar. Na verdade, com dias disponíveis é possível atravessar todo o parque a pé. Existem inúmeros trilhos muito bem marcados.
Acho irónico o nome do parque - Picos de Europa - quando não são sequer os mais altos de Espanha quanto mais da Europa. Mas estão suficientemente perto para um fim de semana alargado e são muito bonitos.
Nuestro hermanos têm mais sorte no tamanho e na geografia do seu cantinho. A 9 horas de carro de Lisboa ficam os Picos de Europa, um recreio de actividades de ar livre. É constituído por três maciços montanhosos caracterizados por picos rochosos imponentes e desfiladeiros bem cavados e abruptos.
Já lá tinha ido de moto mas, talvez pela atenção que dispensei às torcidas e deliciosas estradas que os atravessam, não fiquei com a noção exacta da grandiosidade do parque. Mas, definitivamente, valem a visita.
Ruta del Cares |
Menos exigente fisicamente mas não menos impressionante visualmente é a Ruta del Cares, um caminho de quase 12km aberto nas rochas há quase 100 anos. É o trilho mais conhecido do parque e percorre o desfiladeiro do ribeiro com o mesmo nome.
|
Lago Enol |
Acho irónico o nome do parque - Picos de Europa - quando não são sequer os mais altos de Espanha quanto mais da Europa. Mas estão suficientemente perto para um fim de semana alargado e são muito bonitos.
junho 17, 2012
A camisa com gola chinesa
Nunca tinha pensado na gola chinesa em camisas até me oferecerem esta há cerca de dois anos. Rapidamente se tornou numa das minhas camisas de verão favoritas. Não pela gola mas pelo tecido de que é feita. Mas já vamos ao tecido.
Creio que o grupo espanhol Inditex é o único, entre as marcas mais populares, que aposta verdadeiramente neste género de camisa. Todos os anos apresenta vários modelos, com as assinaturas Zara e Massimo Dutti. Na minha opinião esta gola não tem mais estilo do que as tradicionais e até retira versatilidade à camisa. Com ela uma camisa torna-se um híbrido de formalidade intermédia entre uma camisa tradicional e uma t-shirt. Creio que se justifica ter um ou duas apenas para adicionar variedade ao guarda-roupa.
Como quase todas as minhas camisas informais de verão, esta está menos cintada do que habitual. Assim é mais respirável e fresca e, caso me apeteça usar por fora, cria uma silhueta mais descontraída.
Aquilo que realmente gosto nela é o linho com micro-riscas azul escuro/branco. Quanto a mim é um das combinações mais bonitas para uma camisa de verão. E uma alternativa à camisa azul claro lisa, à semelhança daquilo que o blazer vichy é para o azul escuro liso. Prova de que gosto do resultado do linho riscado é ter outra camisa com o mesmo padrão mas num azul mais claro.
O outfit é integralmente Inditex. O cinto Zara é reversível, hoje usado do lado pele, aqui mostrado do lado camurça. A camisa, os sapatos (já vistos aqui), as calças e até o relógio são da Massimo Dutti.
junho 12, 2012
A melhor amiga do pé
Não há como negar, os sapatos slip on em geral e os driving moccasins em particular ficam bem a mostrar parte dos pés. O problema é que andar sem meias gera enorme desconforto, maus odores e deteriora mais rapidamente os sapatos.
Mas há um compromisso entre manutenção de estilo e concessões práticas, os pézinhos ou meias invisíveis, como lhe queiram chamar. Para mim, que não consigo andar sem meias, são indispensáveis.
junho 11, 2012
Essencial XV - Sneakers de lona
Existe uma diferença substancial entre os blazers assertoados (double breasted) fruto do renascimento recente e os que estiveram em voga nas décadas de 30, 40 e 50 do século anterior. Ao passo que antigamente eles faziam parte dos fatos mais formais hoje em dia eles aparecem sobretudo como blazers desportivos (sport jackets). A culpa é das grandes marcas italianas Boglioni, Brioni, Lubiam entre outras que decidiram ressuscitá-los em versões desestruturadas, cintadas e feitas em tecidos mais informais do que a tradicional lã. Apesar das mudanças houve algo que o blazer assertoado não perdeu neste hiato de 60 anos, um swag desmesurado. Dada essa característica inertente acho que ele fica muito bem em saídas nocturnas. Por isso aqui fica uma sugestão para uma festa de verão ou um jantar ao ar livre.
O azul turquesa forte não é a cor mais natural para uma t-shirt de verão. Confesso que se fosse para usar isoladamente não a teria comprado mas gosto muito de ver turquesa por baixo de um casaco azul escuro. Comprei esta com um decote em V, assim como o lenço no mesmo tom, para usar com os meus blazers e casacos de ganga azuis. Ambas as peças são da Zara e em algodão. Não são desta estação mas acredito que entre as dezenas de t-shirts que a marca lança anualmente haja algo parecido em 2012. Nas fotos não é perceptível mas as calças são os mesmos chinos caqui destruídos que usei aqui.
Para combinar com a descontracção da t-shirt calcei uns sneakers em lona. O sneaker americano (os ingleses chamam-lhe plimsoll) é um ténis básico com sola de borracha e parte de cima em lona ou pele que serve para ser usado no dia-a-dia e não para fazer desporto. Pessoalmente acho que os sneakers em pele não fazem muito sentido dado que é um calçado eminentemente de verão, por isso prefiro-os em lona. Também não os aprecio bojudos, com uma sola muito alta ou a biqueira revestida a borracha. Viro-me para os mais discretos e delicados.
Como não encontro justificação para dar um valor avultado por um artigo tão básico optei por estes H&M que, além da simplicidade que me agrada, custam apenas €15. Isso significa que pelo preço de ténis com muito menos pinta posso ter um par de cada cor (só tenho este!). Também é o preço de umas alpercatas e deixo ao critério do leitor ajuizar qual das alternativas tem mais estilo.
Tratando-se de um essencial aconselho cores neutras como o branco, azul claro ou cinza claro. Ou, em alternativa, um tom pastel suave de verde, amarelo ou rosa. Algo que conjugue facilmente com as suas bermudas e calças de verão.
junho 10, 2012
Oxblood do pescoço aos pés
Não é difícil um homem andar bem vestido. Basta escolher peças neutras e seguir algumas regras. Tudo se complica quando se sai do testado e provado. Para isso é requerida uma capacidade de integração de todas as peças de um conjunto que, sejamos sinceros, não é um forte masculino.
Aqui está um bom exemplo de como o fazer. A camisa branca, o casaco amarelo e as calças pretas são um trio relativamente trivial e seguro. Mas completar este look com gravata, cinto e sapatos oxblood revela coragem e sabedoria. O resultado final está estupendo.
Aqui está um bom exemplo de como o fazer. A camisa branca, o casaco amarelo e as calças pretas são um trio relativamente trivial e seguro. Mas completar este look com gravata, cinto e sapatos oxblood revela coragem e sabedoria. O resultado final está estupendo.
junho 07, 2012
Harmonizar com detalhes
O conjunto formado por uma camisa branca, umas calças de ganga azul claro e uns sapatos de camurça castanha é tão previsível quanto uma conferência de imprensa de um treinador de futebol. Não devia ter colocado aqui poder-se-à pensar. Mas, com duas conjugações, acho que o consegui tornar merecedor do destaque.
A primeira salta à vista. o pendant entre o cinto e os sapatos é algo que muitos desvalorizam por estar fora de moda mas eu acho que não existe nada de errado nessa harmonia. Não é necessário o casamento perfeito, até porque é quase impossível de se obter. Mas conseguir combinar cinto e sapatos, não só em cor, mas também no material, consubstancia um look tão elementar.
A segunda é ir buscar o branco da camisa e o azul das calças e riscar as meias com essas duas cores. É um efeito surpresa quando nos sentamos ou caminhamos que, novamente, marca um outfit tão neutro.
junho 06, 2012
Dois pés de galo
Ontem, depois do jantar, fui dar uma volta e ver as
novidades nas montras. Na sequência deste look e com a ideia de escrever o post
de hoje levava a nota mental de olhar para dois blazers pé de galo azuis, um da
Zara e outro da Massimo Dutti. Ambos têm os tipos de bolso mais clássicos e por
isso a melhor aposta para a longevidade. Ambos figuraram nos últimos lookbooks das respectivas marcas.
Zara - lookbook junho |
Os blazers desportivos (ou sport jackets) não são o forte da Zara. Estes situam-se entre os €50 e os
€100 e creio que não existem milagres. Os tecidos e botões de muitos desiludem,
as costuras são por vezes grosseiras e a maioria são demasiado curtos,
mais próprios para adolescentes. No entanto, este pé de galo não defrauda expectativas. Custa
€80 o que faz dele um blazer luxuoso
na gama Zara. É num azul celeste
muito luminoso. À distância de 5 metros é bonito e mesmo a 50cm, quando muitos
blazers da Zara perdem a piada,
continua agradável. É feito num tecido linho/algodão que é aquele bom
compromisso entre o estilo do linho e a funcionalidade do algodão. Os botões
(felizmente sem a marca gravada) também são agradáveis à vista. Não é forrado
como os blazers de verão devem ser.
Tive curiosidade de experimentar e vesti um 48 que é o meu
número habitual. Os ombros, que são o ponto nevrálgico num casaco, não
assentaram na perfeição. Mas todos os corpos são diferentes pelo que
pode ficar bem a si. O comprimento é o adequado. De resto ficava-me muito bem.
O corte já é cintado e as mangas tinham o comprimento correcto. Para mim
precisaria de pouco arranjo.
Massimo Dutti - lookbook maio |
Por mais €100, €180 no total, o blazer da Massimo Dutti tem um ar mais sério a
começar pela cor que é azul marinho. O tom é mais neutro logo mais versátil. À
semelhança do Zara aqui o tecido
também é parte linho parte algodão o que lhe dá um estilo muito moderno. O
detalhe da linha laranja da primeira casa de botão das mangas é giro, já a
gravação da marca nos botões dispensava-se. Não o cheguei a vestir mas na Massimo Dutti os arranjos são feitos sem
custos.
A maior diferença entre os dois reside mesmo na cor que lhes dá personalidades distintas. Eles não diferem o suficiente do meu para arranjar espaço no meu armário mas, caso não o tivesse, era capaz de apostar num dos dois.
junho 05, 2012
A moto BMW esquecida
Os ingleses
têm o ditado certeiro you can separate
the men from the boys by the size of their toys. E poucos objectos
encarnam melhor esta ideia de brinquedo de homem do que as motos. Ontem
cruzei-me com uma moto que cai certinha neste clube dos brinquedos masculinos.
Foi uma visão tão improvável quanto agradável. Por mim passou uma BMW R1200S
amarela, a moto alemã de que ninguém se lembra, apesar de ter sido lançada há
menos de dez anos.
Hoje em dia a marca bávara quer agradar aos clientes das motos
japonesas dando-lhes aquilo que eles conhecem, mas se recuarmos meia dúzia de
anos a BMW pouco queria saber de mercado, fazia as motos que bem lhe apetecia.
E a moto mais desportiva que produzia era a R1200S, sendo o S alusivo a sport. Destinada
a substituir a bem sucedida R1100S em 2006, era a máquina mais desportiva da
gama alemã. Só que à medida do mercado era uma sport-tourer, pelo que quase ninguém a compreendeu. No ano anterior a BMW tinha lançado a R1200ST, a horrível sport-tourer da família R, pelo que
orientou a R1200S num sentido mais radical, para desgosto dos fiéis da marca, os únicos que considerariam comprá-la. Assim, para substituir a lindíssima
R1100S (na minha opinião a moto mais bonita que a BMW já fez), a marca apostou
em dois rotundos fracassos comerciais. A fealdade da R1200ST era tal que nada
a podia salvar e a R1200S, desconfortável demais para viajar e incapaz de
competir em performances com as verdadeiras
desportivas, encontrou-se em terra de ninguém.
Seis anos volvidos e a R1200S começa a fazer muito mais
sentido. 98% dos motociclistas nunca a irão compreender e ela permanecerá
sempre uma moto para conhecedores. Isso só lhe dá mais charme. Mas a R1200S é
uma excelente moto per se.
Pese
embora a menor versatilidade face à R1100S, a 1200 é uma moto muito superior
tecnicamente. A potência passou de uns anémicos 98cv para uns pujantes 122cv e a
caixa de velocidades e suspensão eram muito mais evoluídas. Bastaria a BMW ter refeito
ligeiramente a traseira da moto para aceitar um banco confortável para dois e a
opção de malas grandes para a R1200S ser uma real alternativa à 1100. Mas na
altura a BMW já andava a planear a futura superdesportiva – S1000RR – e nem se deu ao trabalho. A R1200S
durou apenas dois anos no catálogo da marca. E durante esse período vendeu muito
pouco.
O futuro da família R da BMW assentará num motor boxer
arrefecido a água. A R1200S restará como a BMW série R air cooled de produção em série mais desportiva e rápida de sempre. O título absoluto está nas mãos da R1200
HP2 Sport, uma evolução da R1200S de produção limitada, mais exótica e muito mais cara.
Enquanto nova o posicionamento comercial ambíguo da R1200S foi-lhe fatal. Mas para uma segunda vida nas mãos de um coleccionador que quer uma moto carismática para dar umas voltas ocasionais de fim de semana ela revela-se perfeita. Com uma linhagem antiga e nobre, forte personalidade e produção escassa não tenho dúvidas que o mundo ainda lhe dará o reconhecimento devido. Nessa altura quem a tiver na garagem não terá apenas um brinquedo, terá feito um bom investimento de longo prazo.
junho 04, 2012
Sapatos fora da palete de conforto
Um blazer assertoado, cinco segundas-feiras
Nas fotos não dá para ver mas o algodão da camisa tem um efeito espinha que, quem me segue, saberá que gosto muito de ver ver em roupa, seja casacos, camisas ou mesmo gravatas. O tecido espinha tem dupla personalidade, é delicado e rufia ao mesmo tempo. É como aqueles vilões que distribuem charme na festa e depois se esgueiram até escritório da casa para roubar as jóias do cofre, não hesitando em matar à queima-roupa quem se atravessar no seu caminho.
Hoje vou escrever um pouco mais sobre o blazer. Talvez mais do que nos blazers de uma fila de botões, o tailoring de um blazer assertoado é essencial para não parecer, literalmente, um saco enfiado pela cabeça. Seria incapaz de vestir este tal como o comprei. Das costas foi retirado tecido que dava para fazer outra lapela. E quando olho para as fotos não deixo de notar que se as mangas fosse apertadas do cotovelo ao punho ele ainda ficaria melhor.
Existe uma opinião largamente difundida de que os blazers assertoados não são apropriados para homens mais volumosos de barriga. Mas essa percepção desafia a lógica ou então, mantendo o imaginário cinematográfico, sou eu que estou sugestionado por filmes de gangsters na período da lei seca americana. Naturalmente que um blazer largo, seja assertoado ou não, não favorece um barriga grande. Mas desde que devidamente ajustado, as duas linhas de botões acentuam a verticalidade do corpo e distraem do volume da cintura o que melhora a aparência de um homem com mais cintura.
Já os homens baixos não beneficiarão tanto dos blazer assertoados. À semelhança dos antigos blazer de três botões, o seu V está, invevitavelmente, mais subido do que num blazer de dois botões. Por essa razão um homem mais baixo tenderá a ficar como uma figura desproporcionada e ridicularizada se vestido com um.
Poder-se-à questionar a sensatez de adquirir um blazer assertoado navy quando já se tem um de dois botões nesta cor. Por enquanto, pois acredito que venham a ficar mais populares nas próximas épocas, compram-se os blazers assertoados que aparecem e não aqueles que se quer. Não obstante esta evidência, considero que os dois são suficientemente diferentes para poderem coexistir num armário. E depois podem ser sempre diferenciados pelo tecido de que são feitos, cor dos botões, etc.
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